sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Verão das Ilusões

Fanfic Original.
Sinopse: Um verão é tudo o que se precisa para mudar a vida de um homem por completo..
Ao lado de Paulina, uma mulher que o acaso colocou em seu destino, Caíque viveu o mais belo verão de sua vida.
Um verão para ele jamais esquecer.


CAPÍTULO ÚNICO:

“- Eu lamento, Caíque. Mas a senhorita Paulinha não sobreviverá até o amanhecer.”

Sentado em uma poltrona fria do CTI do Hospital Barra Dor, as palavras do doutor Maurício ecoam na mente de Caíque como a mais terrível das lembranças. Olha para Paulina, em coma, entubada, o coração já batendo fraco, a beira da morte, e não consegue conter a terrível dor que toma conta de seu coração.
Paulina fora o anjo que trouxe a mais bela das mudanças em sua vida... Em apenas poucos meses, ela foi capaz de mudar sua vida por completo e agora, ela está indo embora...

Em sua mente, não consegue dissipar as lembranças dela, de seu doce sorriso, e do verão mais belo que já teve na vida... O verão em que conhecera sua doce Paulina...


*****


Meses antes...

Caíque deixa o seu escritório na Avenida Presidente Vargas cansado de mais um dia de trabalho. Já passam das seis da tarde e, devido ao horário brasileiro de verão o dia ainda está claro e as ruas cheias de pessoas que ele julga desocupadas. As orlas das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon ainda estão repletas de pessoas que querem aproveitar ao máximo a praia. Mas não ele. Como um homem de negócios, tudo o que lhe importa são seus clientes e o dinheiro que eles lhe pagam. Por este motivo, não se importa de andar de terno e gravata nos 35ºC do fim de tarde do Rio de Janeiro.

Anda pela avenida com pressa, querendo chegar o mais rápido possível ao estacionamento onde diariamente deixa a sua Captiva. Devido ao calor, gotas de suor escorrem por sua face enquanto caminha rumo ao estacionamento. Está tão distraído, pensando no novo investimento que irá fazer, que mal percebe a desajeitada que anda com pressa em sua direção, e, derruba sorvete de chocolate em sua camisa branca de seda, manchando-a.

- Sua idiota! – esbraveja Caíque – Não sabe olhar por onde anda? Você manchou minha camisa nova!


*****


De volta ao presente, um sorriso triste curva os lábios de Caíque, enquanto observa, impotente, a vida de Paulina pouco a pouco chegar a seu fim. Depois daquele primeiro encontro explosivo, ela havia insistido para que ele a acompanhasse até sua casa, pois ela disse que iria dar um jeito na sujeira que provocou. Paulina fora tão insistente que não teve alternativa a não ser acompanha-la até sua casa, uma pequena kit net no Leme.

Não queria nem ao menos entrar, mas Paulina fora tão insistente que, além de entrar, tirou sua camisa de seda para que ela lavasse e, a substituísse por uma camisa gigantesca do Homer Simpson, e jantou com ela um prato típico brasileiro, arroz, feijão, bife e batata frita.

Fora a noite de verão mais exótica de toda a sua vida.

E, após este incidente, começaram a se ver todos os dias. Paulina sempre estava alegre, sorridente e sempre conseguia inventar algo diferente para fazerem nas noites deste verão, que fora o mais feliz de toda a sua vida.

Durante os quatro meses de verão, Paulina lhe mostrou um novo modo de viver, ela lhe mostrou que a verdadeira felicidade estão nas pequenas coisas, nos pequenos gestos... E que o dinheiro e o poder não são tudo nesta vida.

Paulina fora sua luz em um mundo tomado pela escuridão... E, durante quatro meses ela soube conquistar seu coração. Após o trabalho, passeavam na orla de Copacabana, tomavam sorvete... Aos domingos passeavam no zoológico, no parque da Tijuca... Até na feira se São Cristóvão conseguiu se divertir, e, olha que achara as coisas dos nordestinos bregas demais.

O verão que passou ao lado de Paulina foi mágico e mudou sua vida para sempre, e, quando se deu conta, já estava totalmente envolvido por seu modo simples de ver a vida, sem se importar com o dia do amanhã! Em apenas quatro meses, conseguiu trocar sua habitual solidão pela alegria da vida. Em quatro meses, após o trabalho, substituiu seus habituais ternos por shorts e camisetas ridículas om estampas que iam desde Homer Simpson a Mickey Mouse.

E foi ao término do verão mais feliz de sua vida que veio a notícia que caiu em sua vida como uma bomba poderosa.

*****


- Eu não tenho muito tempo de vida, Caíque. – a voz de Paulina soa tranquila.

- Como é que é? – Caíque não consegue esconder o choque em sua voz.

- Tenho leucemia. Os médicos não me deram muito tempo de vida.

- Não pode...! Não pode...! Não pode me abandonar assim...! Paulina...! Você é tudo pra mim...! O que os médicos disseram?

- Eu recusei o tratamento e a quimioterapia.

As palavras chocam Caíque mais do que ele poderia imaginar.

- Mas por que...?

- Porque eu amo a vida, amo viver...! Não queria passar o resto de minha vida, prolongando sofrimento com um tratamento que sei que não iria dar resultados. Eu amo a vida, Caíque, amo viver! Viver intensamente, como este maravilhoso verão que vivemos juntos, o mais feliz de toda a minha vida! Você transformou o meu último verão nas lembranças mais belas de toda a minha vida! E guardarei isto pra sempre, até depois da minha morte! E quero me, mesmo depois que eu morra, você guarde em seu coração as lembranças boas dos momentos que vivemos juntos, e não a lembrança de uma moribunda.
- Paulina...

- Prometa, Caíque.

- Eu prometo, Paulina.


*****


Uma semana após Paulina ter lhe revelado, foi à casa dela, e, para sua surpresa e total espanto, a encontrou desmaiada. Chamou uma ambulância e ela foi levada imediatamente ao Hospital Barra Dor.

Para sua infelicidade, os médicos não deram nenhuma esperança quanto a sua recuperação. 

E, um mês depois, é obrigado a ver a vida de sua meiga Paulina chegar ao fim. Olha para o rosto pálido e delicado dela, e sua mente é invadida por lembranças de seus olhos cor de mel cheios de vida, e seu sorriso cativante. A promessa que lhe fez vêm à mente, e, percebe que é exatamente assim que gosta de se lembrar de Paulina, a mulher que lhe ensinou, em apenas um verão, a enxergar a vida de uma outra forma. O sorriso de Paulina é o sorriso mais encantador do mundo, e sempre se lembrará dele com um grande carinho.

Os monitores que controlam os batimentos cardíacos de Paulina começam, mostrando que seu coração se enfraquece. Caíque se desespera e logo o médico. O doutor Maurício não tarda a aparecer, com uma equipe médica e um desfibrilador atrial.

Tentam, sem sucesso, ressuscitar o coração de Paulina, mas é em vão. Sua vida se esvai junto com seu último batimento cardíaco.

A dor toma o coração de Caíque enquanto os médicos anunciam que a vida de Paulina chegara ao fim. E o homem deixa o CTI com um semblante de profunda tristeza. Deixa o hospital, indo direto para sua cobertura em Copacabana, querendo esquecer a dor. A chuva começa a cair enquanto o sol continua a brilhar no céu, e Caíque não se importa em se molhar, pois até o céu parece chorar com a morte de Paulina.
Entra em seu apartamento e finalmente deixa as lágrimas virem à tona, junto com toda a sua tristeza, pois nunca mais verá Paulina outra vez. Chora até sentir que todas as suas lágrimas foram derramadas e nem mesmo assim consegue diminuir a sua dor. Por várias horas, não consegue nem ao menos se mexer e, só o faz quando para de escutar os pingos de chuva.

Caíque deixa o sofá e vai para a varanda, onde contempla o arco íris que colori o céu do Rio de Janeiro. No mesmo instante, lembranças do verão mais feliz de sua vida vem a sua mente e percebe que Paulina foi a melhor coisa que lhe aconteceu.

Percebe, que em todos os verões que viver de agora em diante, sempre se lembrará do verão mais feliz de sua vida. O verão que conheceu um anjo chamado Paulina, um anjo que sorriu para ele até o fim.



FIM!

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